Na manhã
de ontem (1 de Maio), trabalhadores, militantes sociais, estudantes e
ativistas tomaram as ruas de Aracaju no Ato Público do Dia do Trabalhador.
Organizado pela Central Única dos Trabalhadores de Sergipe, com participação de
sindicatos filiados e entidades parceiras, o Ato deste ano teve como pautas
principais: o direito à memória e à verdade; o combate à corrupção; e o fim do
imposto sindical.
Direito à Memória e
à Verdade
A grande marcha
iniciou na Praça dos Expedicionários, em frente à antiga Estação Ferroviária e
encerrou em frente ao 28° Batalhão de Caçadores, dois lugares históricos do
período militar. Era na Estação Ferroviária que trabalhadores que se opunham ao
golpe militar eram presos e levados para o 28° BC, onde eram torturados.
Na linha de frente
da manifestação, trabalhadores carregavam cruzes, simbolizando questões
fundamentais para classe trabalhadora e também os lutadores que resistiram
bravamente à Ditadura Militar em Sergipe e no Brasil. Entre estes homenageados,
foi lembrado o nome do ex-sindicalista Milton Coelho, que ficou cego em
conseqüência das torturas que sofreu nos porões do 28° BC durante o regime
ditatorial.
Para a CUT Sergipe
é fundamental que sejam apurados os crimes do período militar. Segundo o
Diretor de Comunicação da Central, George Washington, “aqui no Brasil, a
verdade foi escondida. Temos que saber a verdade da nossa história. As leis
internacionais afirmam que os crimes cometidos no período militar não
prescrevem, pois são crimes contra os direitos humanos, crimes de lesa-pátria.
Por isso, é preciso que seja instalada a Comissão da Verdade aqui em Sergipe e
reforçado o caráter da Comissão Nacional para que sejam apurados os
assassinatos políticos e as torturas daquele período e a sociedade faça um
julgamento público”.
Judiciário
O Poder Judiciário
também foi alvo de manifestações dos militantes presentes no Ato do 1° de Maio.
A luta contra a criminalização das greves de trabalhadores foi uma das
bandeiras. “O Judiciário sergipano é campeão em decretar ilegalidade de greve
das diversas categorias. Em alguns casos, antes mesmo da greve começar, já é
considerada ilegal. O Judiciário precisa atender aos anseios populares e não
restringir um direito garantido historicamente em cima de muita luta”, destacou
o militante do MSPL e diretor do SINDISERJ, Plínio Pugliesi.
O sindicalista
falou ainda sobre outra pauta envolvendo a justiça sergipana que causa
indignação aos trabalhadores: o auxílio-moradia concedido a juízes e
desembargadores. Para Pugliesi, “é inadmissível que magistrados que já recebem
mais de R$ 20 mil por mês ainda ganhem auxílio-moradia de R$ 2 mil, sem
qualquer justificativa ou critério. Apenas o que um juiz recebe com este
auxílio é o que um trabalhador comum leva para receber em três ou quatro meses
de salário. É um absurdo, por isso trouxemos essa pauta para as ruas”.
Outras pautas
Diversos outros
temas foram pautados durante o 1° de Maio da CUT Sergipe, como a redução da
jornada de trabalho sem redução do salário; fechamento do comércio aos domingos
e feriados; erradicação do trabalho escravo; fim do fator previdenciário; e
reforma agrária e urbana.
Durante a
caminhada, o Diretor da CUT/SE, Antônio Góis, ressaltou que o Ato do dia 1°
mostra o diferencial da CUT para as demais centrais sindicais. “Este é o jeito
da CUT de pautar o Dia do Trabalhador. Não temos festas, brindes, brindes nem
nos aliamos com o patronato como outras centrais fazem. Para nós, o 1° de Maio
tem o significado da luta da classe trabalhadora”, assegurou Góis.