Nem a chuva que caiu durante toda a
manhã foi suficiente para tirar a mobilização e força dos servidores do
Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), para demonstrarem, através da
paralisação de hoje (26), a insatisfação com o desrespeito com que a
Presidência do TJ está tratando as suas reivindicações. De acordo com o SINDISERJ,
que realizou pesquisas em todos os fóruns do Estado, servidores de diversos
fóruns do interior aderiram à paralisação e, em Aracaju, onde estão situados os
maiores fóruns do Estado, a adesão não foi uma “totalidade”, mas foi massiva,
chegando a 80% em alguns fóruns, a exemplo do Gumersindo Bessa.
Este é um dado que reflete o grau de
intensa mobilização dos servidores na luta por respeito, valorização e justiça
salarial. Desde o início de agosto, os servidores do TJSE estão em Campanha
Salarial. Porém, a gestão do TJSE vem demonstrando uma postura de
intransigência e de diálogos inférteis, o que motivou a paralisação das
atividades pelos servidores.
A respeito do reajuste salarial, a
categoria reivindica 23,56%, porém a Presidência do TJSE apresentou uma
proposta de revisão de 7% a partir de janeiro de 2012, percentual inferior à
inflação acumulada nos últimos doze meses, que atualmente está com um índice
correspondente a 7,16%, o que, se for concretizado, acarretará na redução do
valor do trabalho exercido pelos servidores efetivos.
Ato na frente do Gumersindo Bessa
Demonstrando o potencial de luta
pelos direitos, além de paralisar as atividades, a categoria dos servidores do
TJSE realizou Ato Público e Assembleia Geral em frente ao Fórum Gumersindo
Bessa.
Mais de 400 servidores da capital e
de municípios do interior participaram do Ato em frente ao maior fórum do
Estado, representando o conjunto dos companheiros que também paralisaram as
atividades, mas não puderam estar na concentração. E, em diversos
cartórios onde não havia servidor investido em função de confiança, nem os
cargos comissionados apareceram para cumprir o efetivo mínimo - conforme
proposto pelo SINDISERJ - tiveram que ser totalmente fechados, em virtude de
todos os servidores terem aderido à luta.
De acordo com a técnica judiciária
Lívia Guimarães, em Carmópolis os técnicos judiciários em sua grande maioria
paralisaram. “Estamos confiantes e sabemos que a força dessa luta vem da cada
um de nós. Vamos continuar reivindicando um salário justo, mas se a negociação
não avançar a nosso favor, os mecanismos estão aí”, afirmou.
Servidores de Riachuelo também
paralisaram as atividades e estiveram presentes no Ato. “A mobilização está
boa, o Tribunal é formado por nós, somos a base do bom trabalho deste órgão. O
sindicato e toda a categoria estão firmes na luta, estamos com segurança para
fazer as nossas manifestações porque sabemos que juntos conseguiremos os nossos
objetivos”, disse Claudionor Norberto, técnico judiciário lotado em Riachuelo.
Representantes de outras entidades
sindicais estiveram presentes, manifestando solidariedade à luta contra as injustiças
que reinam no Judiciário sergipano, com destaque para as tão conhecidas
declarações de ilegalidade das greves. A Dep. Estadual Ana Lúcia também
manifestou o seu desejo de que o impasse seja rapidamente resolvido e reafirmou
que, na Assembleia Legislativa, estará ao lado dos servidores do para apoiar a
conquista de melhores condições salariais no TJ.
Vários veículos de comunicação
cobriram o Ato. E, além das reivindicações dos servidores do TJSE terem sido
pautadas na opinião pública sergipana, a manifestação também causou
repercussões de âmbito nacional, tendo sido noticiada nos sites do O
Globo, nas mídias catarinenses Jornal de Santa Catarina e Diário
Catarinense, além de também ter sido veiculada no telejornal Jornal
Hoje.
No final da manhã, em estado de
Assembleia Geral permanente, os servidores avaliaram o dia de paralisação. Para
Nelson Santana, técnico judiciário lotado no Gumersindo Bessa, a atividade de
hoje foi extremamente positiva, pois “mostrou a capacidade de mobilização dos
servidores do Judiciário sergipano. Esse ato mostrou que da mesmaforma que
somos eficientes na nossa profissão, também somos organizados e somos
eficientes na luta por nossos direitos. Queremos um salário que seja compatível
com a qualidade do nosso trabalho”.
O SINDISERJ reafirma que os
trabalhadores têm a intenção de negociar de forma séria e de continuarem
atendendo à população com a mesma presteza e eficiência já conhecida, porém a
intransigência da gestão do TJSE levou a tomarem a decisão de parar. “Não temos
a aspiração de fazer greve. O que queremos são tratamento e salários dignos.
Esperamos que, a partir dessa demonstração de união, o Tribunal trate com mais
respeito a pauta dos servidores e possamos negociar com seriedade e garantir
dias menos difíceis para esses servidores que são comprometidos com bom
andamento do serviço público”, ressaltou Ednaldo Martins, Diretor do SINDISERJ.
Depois de diversos protestos do
SINDISERJ, ocorridos nos últimos dias, a Presidência do TJSE marcou uma reunião
para o dia 1º de novembro. A direção do sindicato solicitará a apresentação de
contra-proposta digna e que venha acompanhada dos respectivos dados que
fundamentem as teses do TJ.
Encaminhamentos de luta
Também durante a Assembleia
permanente, os servidores definiram os seguintes encaminhamentos:
1) Como forma de protesto, não
participar da festa promovida pelo TJSE, que acontecerá amanhã (27) no fórum
Gumersindo Bessa, em “comemoração” ao Dia do Servidor Público.
2) Assembleia Geral no próximo dia 3
de novembro para avaliar os resultados da reunião com a Presidência do TJSE,
marcada para o dia 1º.
De acordo com o dirigente do
SINDISERJ, Plínio Pugliesi, “Não há nenhuma pretensão de medir força, mas o
fato é que, hoje, os servidores deram uma demonstração da disposição para
lutarem por mais respeito, justiça e valorização. E, caso a postura dos gestores
do Tribunal não evolua para acompanhar esse sentimento da base, a tensão
certamente se agravará e nós intensificaremos, ainda com mais energia, a
realização de atividades públicas reflexivas para combater as injustiças que
ainda existem e que tanto prejudicam os trabalhadores dentro da casa da Justiça
sergipana”.
Caso o TJSE não apresente uma
proposta compatível com a realidade orçamentária e financeira do órgão e
ainda insista em ignorar as reivindicações dos servidores, a categoria
precisará debater sobre a deflagração da greve. “Queremos negociar, discutir
sobre dados reais e definir a melhor proposta para os trabalhadores. No
entanto, se o Tribunal mantiver a intransigência e, mais uma vez, tentar
empurrar para os servidores efetivos o débito da conta das mamatas que insiste
em manter para poucos privilegiados, na reunião da Assembleia Geral do dia 3,
com a certeza de que nos pautamos pela boa-fé durante toda a negociação, teremos
que avaliar a deflagração de novos movimentos paredistas”, disse Plínio.
O vídeo da paralisação dos servidores
do TJSE veiculado no Jornal Hoje, já está disponível no Canal
do SINDISERJ, no Youtube: www.youtube.com/sindiserjse