Após de
diversas tentativas de diálogo com a Presidência do Tribunal de Justiça de
Sergipe, que parece se manter mais inclinado a atender aos interesses dos
“Marajás”, o SINDIJUS levou para o Calçadão da João Pessoa, no Centro de
Aracaju, o Mamatômetro do TJSE, na tarde desta segunda-feira (17), com o
objetivo de dialogar com a população acerca dos supersalários, dos benefícios e
das injustiças que ocorrem permanentemente dentro do Tribunal de Justiça de
Sergipe,
Com um telão
instalado no local, os servidores efetivos do TJSE fizeram a maior exposição já
realizada, nas ruas, de dados públicos sobre órgãos da Administração Pública do
Estado de Sergipe. Foram expostos os valores milionários que o Tribunal de
Justiça desembolsou em novembro deste ano, para pagamento de magistrados e de
cargos em comissão. Somente estes cargos comissionados, que ingressam sem
qualquer concurso público, levaram R$ 1.138.402,71 no último mês. Um outro
valor que revoltou, não só a população, mas também a categoria, foi a Ajuda de
Custo/Moradia para juízes, no valor de R$ 303.622,29, também somente no mês de
novembro.
A população
que caminhava pelo Calçadão, olhava os valores atentamente e com gestos de
surpresa, a exemplo da servidora pública aposentada, Iraci de Souza, de 56
anos. “Estou impressionada com os valores que vi aqui. É um absurdo que o nosso
dinheiro, o dinheiro público, esteja sendo usado para beneficiar essa pequena
parcela da população”, ressaltou a servidora.
Levar os
problemas do Judiciário para a população é, também, uma forma de
conscientizá-la e mostrar onde estão sendo gastos os milhões de impostos que
ela paga todos os meses. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores
(CUT), Rubens Marques, que esteve presente no ato, essa exposição dos valores
deve funcionar como forma da população cobrar mais do Judiciário. “O povo
precisa ver esses valores para poder cobrar melhores serviços na Justiça. Se
você perguntar se o povo está satisfeito com a atuação dos juízes e
desembargadores, com a morosidade do Poder Judiciário brasileiro, eles vão
dizer que não estão!”, disse indignado.
O
representante da CUT também elogiou o papel do SINDIJUS e da categoria em
denunciar essas irregularidades. “Eu acho que o papel que a categoria está
cumprindo hoje em colocar para sociedade esses exorbitantes salários é
incomensurável. Porque já é comum denunciar salário de políticos, mas denunciar
o Poder Judiciário, um Poder que sempre ficou reservado, já que a população tem
um certo temos dele, é um ato corajoso”, concluiu.
O diretor do
SINDIJUS e técnico judiciário, George Matos, também reafirmou a importância de
expor à sociedade os altos valores pagos dentro do TJSE. “Acho essencial que
isso seja comunicado a população, porque antes de servidores nós somos cidadãos
e contribuímos com nossos impostos para a manutenção desse Poder. Um dinheiro
que poderia estar sendo bem destinado está sendo usado, em muitos casos, de
forma imoral. Isso nos afeta como servidores, mas, principalmente, nos afeta
como cidadãos”.
Também
estiveram presentes, prestando solidariedade à luta do SINDIJUS, representantes
do SINTUFS (Sindicato dos Técnicos da Universidade Federal de Sergipe) e do
STASE (Sindicato dos Técnicos Administrativos da Saúde de Sergipe).
Mamatômetro
do TJSE
O Mamatômetro
do TJSE foi criado e aprovado pela Assembleia Geral da categoria, em novembro
deste ano, como uma resposta firme dos servidores ao encerramento autoritário
da negociação salarial por parte do atual Presidente do Tribunal de Justiça de
Sergipe, o Des. Osório Ramos.
O objetivo é
que o Mamatômetro seja realizado mensalmente, em espaços públicos e tem como
objetivo divulgar para a população os maiores gastos e salários pagos no
corrente mês pelo TJSE, assim como os privilégios existentes dentro dele. A
ação é uma forma de reforçar a “Campanha de Moralização do Poder Judiciário”,
também deflagrada pela categoria e que propõe a redução dos valores dos cargos
em comissão, tendo como referência máxima o salário dos servidores efetivos, o
fim das incorporações dos valores de CCs e FCs e a definição de critérios para
evitar indenizações de férias milionárias.
A próxima
edição do Mamatômetro do TJSE será definida pela Assembleia Geral da categoria,
logo após o recesso, em janeiro de 2013.