19 novembro, 2012

SINDIJUS entrega documento com propostas para moralizar o TJSE

Publicado em: Cinform, Edição nº 1.545, de 19 a 25/11/2012

Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de Sergipe, SINDIJUS,  protocola um conjunto de resoluções e normas para moralizar a estrutura administrativa e financeira do Tribunal de Justiça de Sergipe.

Dentro das negociações que envolvem o Tribunal de Justiça de Sergipe e os seus servidores, uma questão, para além das pautas economicistas, ou seja, as reivindicações referentes aos reajustes salariais, sempre foi colocada pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de Sergipe, SINDIJUS, a moralização do Judiciário sergipano.

Supersalários, valores muito acima do teto constitucional,  pagos para alguns privilegiados,   indenizações milionárias sem critérios concretos, incorporações como prática recorrente, inchando, a cada ano, a estrutura do Judiciário sergipano, Cargos em Comissão e Funções de Chefia, ingressos no TJSE por indicação, com salários 1000% superiores aos servidores efetivos, selecionados através de concursos públicos,  esse é o cenário dentro do órgão que deveria zelar pela moralidade, pela justiça.

Além de reivindicar os direitos legítimos da categoria, que luta por um a valorização digna, por melhores condições de trabalho e pelo fim das discrepâncias salarial dentro do TJSE, a diretoria do SINDIJUS, entendendo o seu papel político e propositivo, encaminhou,  na última quarta feira, dia 14 de novembro, um conjunto de normatizações que incidirão em mudanças concretas dentro da estrutura do TJSE.

Um arcabouço de resoluções, definindo, por exemplo, que o valor do maior Cargo Comissionado do TJSE deve ser idêntico à maior remuneração de um Servidor Efetivo, o que na tradução matemática resultaria na seguinte equação; um CC’s de mais de 14 mil reais cairia para menos de 4 mil.

Outra normatização proposta pelo SINDIJUS aponta para inexistência da Incorporação dentro do TJSE, rompendo com uma prática que vem desestabilizando a estrutura administrativa do TJSE, criando além dos prejuízos financeiros, uma discrepância salarial enorme entre alguns servidores, que por vezes desempenham a mesma função atualmente, mas se diferenciam pela incorporação de alguma função exercida, por algum deles,  ao longo dos anos.

Nas propostas encaminhadas para o TJSE ainda constam a utilização de critérios concretos para as indenizações de férias, uma das verbas que vem gerando os famigerados supersalários, além da construção de um Grupo de Trabalho, onde estejam representados a Presidência do Tribunal e o SINDIJUS, com o objetivo de se debruçar sobre  a distribuição  do corpo de funcionários dentre do TJSE.

Para Plínio Pugliesi, diretor do SINDIJUS, esse conjunto de normas indicam uma profunda mudança administrativa que o TJSE necessita, urgentemente.

“Estamos criando as condições concretas para que o Presidente do TJSE, o Des. Osório Ramos, através da assinatura dessas propostas, inicie um processo de moralização administrativa dentro do TJSE. A partir do seu aval, essas normatizações poderão ser votadas no Pleno, e se aprovadas, mudarão, sensivelmente, a estrutura administrativa e financeira dentro do Tribunal. Essa iniciativa mostra que a disposição que os servidores têm para protestar contra os equívocos ainda existentes no tribunal é a mesma disposição que têm para propor caminhos em busca de solucionar os problemas,” afirma Plínio.

A Presidência do Tribunal de Justiça de Sergipe, na pessoa do Desembargador Osório Ramos, ficou de apresentar as suas ponderações em relação às propostas apresentadas pela diretoria do SINDIJUS, no próximo encontro da Comissão de Negociação que será nesta segunda feira (19), a partir das 11h, na sede do Tribunal de Justiça de Sergipe.


12 novembro, 2012

Os tapumes do TJSE causam repercussão na mídia nacional

Além da repercussão na imprensa local, o ato público realizado pelo SINDIJUS, em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), para registrar os 18 anos sem solução do processo das URVs e o protesto contra a criminalização das greves, no qual o Tribunal de Justiça de Sergipe tentou calar os trabalhadores, na última segunda-feira (5), foi repercutido nacionalmente nos principais veículos de comunicação que contrapõem a mídia burguesa, neste país: Caros Amigos, Brasil de Fato e Correio da Cidadania.

Os tapumes vistos na Praça Fausto Cardoso, separando os humanos mortais daqueles que estão acima do bem e do mal, aqueles que julgam, mas não podem ser julgados, foi notícia na imprensa nacional. Sites, dentre os mais progressistas do país que comunicam a partir da ótica inversa dos veículos conservadores, pautaram na opinião pública nacional o símbolo do autoritarismo e da truculência do Poder Judiciário no Brasil, tendo como palco a praça em frente ao palácio do Tribunal de Justiça de Sergipe.

Poucas vezes na história de Sergipe, uma ação repressora ao movimento sindical teve a repercussão nacional, como o Ato do dia 5 de novembro, data que, inegavelmente, entrou para a história de resistência dos trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário Sergipano, assim como de toda a classe trabalhadora deste estado, que mesmo sob a mira impiedosa do Poder Judiciário, com seus homens fardados e helicópteros vigilantes, não puderam impedir a manifestação, muito menos calar o grito por democracia e justiça.

“Para nós, a repercussão do Ato do ‘Aniversário das URVs e Contra a Criminalização das Greves’, mostra que a sociedade não vê mais o Judiciário como aquele Poder inquestionável. A população já enxerga a necessidade de profundas mudanças na Justiça brasileira, que até aqui permaneceu completamente fora do processo de democratização do país. E vemos que a sociedade já começa a condenar as praticas autoritárias e ditatoriais daqueles que não conseguem compreender e traduzir os anseios da classe trabalhadora, como vimos a partir da cena da construção do muro de metal, erguido na Praça Fausto Cardoso, com o intuito de separar o Judiciário da população. Agora, enquanto trabalhadores que sofrem diretamente as consequências das práticas totalitárias neste Poder, temos o dever de continuar a luta para a construção de um novo modelo para o Judiciário no Brasil”, afirma o diretor do SINDIJUS, Plinio Pugliesi.

Confira as matérias publicadas sobre a repressão do ato em conjunto, do SINDIJUS e da CUT, nos principais portais de jornalismo no Brasil:

Imprensa Nacional
Brasil de Fato
Caros Amigos
Correio da Cidadania



09 novembro, 2012

Militantes do MSPL, alvos de perseguição política, vão a mais uma audiência

Na tarde da última quinta-feira, 8, os companheiros militantes do Movimento Sindicato é Pra Lutar (MSPL), Plínio Pugliesi (Diretor-Presidente do SINDIJUS) e Larissa Mendes (suplente do Conselho Fiscal do SINDIJUS), mais uma vez compareceram a uma audiência, desta vez criminal, em Itaporanga d’Ajuda, sobre o caso que se arrasta desde o ano de 2009, em que o TJSE os acusa e acusa também outras dezenas de pessoas – incluindo-se algumas autoridades – da utilização indevida de senhas nos desktops do órgão, mas que, curiosamente, somente os dois militantes sindicais foram processados.

Esse fato já foi classificado pela categoria, em Assembléia Geral, como obra de uma perseguição política, em que o Judiciário sergipano tenta atingir e desestabilizar a organização dos servidores no sindicato, que, nos últimos anos, vem evoluindo e se pautando, de forma notória, dentre as entidades da sociedade civil que fazem os grandes debates que interessam à classe trabalhadora, neste Estado.

Nesta semana, antes da realização da audiência, a Diretoria do sindicato reuniu-se com alguns Delegados de Base e integrantes do Conselho Fiscal – que juntos formam o Conselho de Representantes do SINDIJUS – e avaliaram que em virtude da acusação que já vinha sendo debatida na esfera administrativa, há três anos, era possível que o Ministério Público, órgão que cumpre o papel acusador neste momento, propusesse a suspensão condicional do processo.

A sugestão do Conselho baseou-se na convicção de não ser possível acreditar na imparcialidade do Judiciário Brasileiro, quando estão em jogo conflitos que envolvem a organização sindical dos trabalhadores, a exemplo das ilegalidades de greves que vêm sendo decretadas, por meio de liminares, de forma epidemiológica, em todas as partes do país. “Todos nós acompanhamos esse caso quando estava na fase administrativa e presenciamos como eles foram condenados no Pleno do Tribunal à pena de advertência e suspensão, sem nenhuma prova justificadora, quando as únicas provas que existiam nos autos não levavam a outro caminho que não fosse o da absolvição. Diante de tudo que já vimos nesse Tribunal, seria uma ingenuidade quase insana a gente acreditar que, agora, na fase judicial, haveria um julgamento que respeitaria as provas, sobre esse caso”, informou Fabiane Spier, diretora de Assuntos Jurídicos do SINDIJUS.

Ainda de acordo com o entendimento desse núcleo de dirigentes do sindicato, o Conselho, a questão do TJSE com os dirigentes perseguidos não é jurídica, mas sim política. Diante disto, o Tribunal de Justiça poderia novamente atropelar todas as garantias asseguradas no Direito Penal e condenar os militantes, sem fundamentação lógica alguma, como já ocorreu durante a fase administrativa, e por esse motivo foi recomendado que fosse pactuada a suspensão do feito, o que aconteceu nessa audiência, pelo prazo de três anos, entre a defesa e a acusação.


ENTENDA O CASO:
Primeiro processo retaliatório contra o militante sindical Plínio
Em processo instaurado anteriormente pelo TJ, no ano de 2009, Plínio também foi alvo de perseguição, quando respondeu a um processo administrativo, onde uma das acusações era o uso de camisa com frases reivindicatórias da organização sindical, que diziam “Dignidade Salarial Já!”.
A acusação causou repercussão na opinião pública local e, durante esse primeiro processo, Plínio foi removido indevidamente para outro local de trabalho que tinha o dobro da distância do local em que ele trabalhava antes. Posteriormente, o dirigente sindical conseguiu a anulação do processo, ao comprovar vastamente que nem ele, nem o seu advogado, tiveram a possibilidade de participar das audiências realizadas e exercer o direito ao contraditório, uma vez que audiências ocorreram na surdina, aos moldes do sistema inquisitório, sem qualquer comunicação ao próprio acusado.
Segundo processo
Em meados do mesmo ano, numa segunda tentativa de punir o dirigente sindical, um segundo processo foi movido pelo Tribunal contra Plínio, que dessa vez não foi acusado sozinho, foi acompanhado da servidora Larissa Mendes.
Nesse processo, o caráter retaliatório fica ainda mais explícito, quando se vê que em uma investigação promovida pela Secretaria de Tecnologia e Informação do TJ (SETECI) par apurar o uso de senhas indevidas em desktops do TJSE, apontou como “possíveis infratores” dezenas de pessoas, sendo que, dentre elas, constam até mesmo integrantes do cargo de desembargador, juiz de direito e promotor de justiça. No entanto, de forma até hoje inexplicada, apenas os dois servidores que participam ativamente do movimento sindical foram processados – Plínio (atual Presidente do SINDIJUS) e Larissa (atual suplente do Conselho Fiscal do SINDIJUS).
Nos autos desse segundo processo, não houve nenhuma prova que comprovasse as acusações imputadas aos servidores acusados. Durante a instrução, nenhuma testemunha, nem nenhum documento pôde comprovar as acusações e, ao contrário, o responsável pelas investigações afirmou em seu depoimento não ser possível concluir se os servidores acusados eram os usuários dos sites acessados indevidamente. Diante disso, diversas entidades sindicais e operários do direito também se somaram a servidores do TJ para acompanhar as sessões de "julgamento" que ocorreram por diversas vezes no Tribunal Pleno, em apoio aos trabalhadores, escancaradamente, perseguidos.
No julgamento desse segundo processo, apresentaram votos com fundamentados vastos, defendendo a absolvição, os desembargadores Edson Ulisses e Netônio Bezerra; todavia, este último, em outra sessão alterou seu posicionamento, votando pela condenação, sem os fundamentos detalhados, como dantes. O Des. Edson Ulisses, que manteve o voto pela absolvição, chegou a afirmar que os dois servidores acusados estavam sendo tratados nesse processo como “bode expiatório”.
Apesar disso, os militantes Plínio e Larissa foram condenados na esfera administrativa às penas de suspensão e advertência, respectivamente, e, após isso, a discussão foi reaberta na esfera criminal, no fórum de Itaporanga d’Ajuda.

06 novembro, 2012

Ato do Sindijus sofre repressão, mas servidores resistem e cortam o bolo das URVs

A tarde da última segunda-feira, dia 5 de novembro, entrou para a história de luta dos trabalhadores do Tribunal de Justiça sergipano. Em uma ação truculenta da polícia militar, o Ato Público organizado pelo SINDIJUS, em conjunto com a Central única dos Trabalhadores (CUT), com o objetivo de registrar o aniversário dos 18 anos, sem solução, do processo das URVs e para manifestação dos sindicatos cutistas contra a criminalização das greves e em defesa da democratização do Judiciário, teve toda a sua estrutura de som e painel de vídeo retirados da Praça Fausto Cardoso, a partir de ameaças da Polícia Militar.

A estrutura do Ato dos servidores, que estava previsto para iniciar às 16, horas foi montada pela manhã. No entanto, após o meio-dia, a Pça. Fausto Cardoso foi transformada em um cenário típico de guerra. Vários policiais militares chegaram e a praça foi rapidamente dividida por uma barreira de tapumes, erguida para impedir qualquer tipo de visualização de quem estava na frente do Tribunal do resto da praça, para, com isso, isolar o local onde se organizavam os trabalhadores.

Toda ação repressora ocorreu sem qualquer justificativa plausível, visto que a realização do evento dos trabalhadores havia sido comunicada previamente pelas entidades sindicais organizadoras à Empresa Municipal de Urbanismo, a EMSURB, tendo o SINDIJUS apresentado a cópia do documento enviado, o que foi completamente ignorado. O comando da Polícia Militar, por volta das 15 horas, começou a constranger a equipe técnica de profissionais envolvidas no Ato, ameaçando, inclusive, apreender os materiais ali instalados, caso a ordem verbal de evacuação não fosse cumprida, de imediato.

Inicia-se assim o arcabouço truculento do Estado para escrever mais um capítulo de repressão aos trabalhadores, na história da luta de classes. O muro montado com tapumes serviu para isolar o Tribunal de Justiça do povo que estava ali, formado em sua maioria pelos próprios servidores concursados do órgão. Os servidores estavam ali para manifestar o verdadeiro olhar da sociedade para com a Justiça brasileira, mostrando, de forma mais do que clara, a maneira como o Judiciário no Brasil ignora os interesses dos trabalhadores e age para coibir as manifestações populares, tentando se portar como um órgão soberano sobre a estrutura pública do Estado e até sobre a vontade e o poder, que segundo a Constituição deste país, deve emanar do povo.

“Hoje, assistimos mais um triste episódio contra um ato pacífico e legítimo dos trabalhadores. A praça, que até então era pública, foi palco de mais uma ação autoritária, protagonizada pelo Judiciário em que trabalhamos e pela Polícia. A repressão militar, a expulsão do som e a reconstrução do muro de Berlin, agora em Aracaju, no mesmo dia em que as cúpulas do Judiciário Nacional vem debater ‘justiça’, nos relembra os episódios mais reacionários da história recente da humanidade. A truculência atropelou o comunicado enviado pelas entidades sindicais e impôs a ordem daqueles que querem julgar os outros, mas querem calar as manifestações populares por terem medo de ser julgados. Esse é o modelo que temos de Estado e de Judiciário, que funciona para reprimir o maior patrimônio conquistado pela população brasileira, a democracia. Vimos aqui, nesta praça, até um helicóptero nos vigiando. O que queremos saber é quem vigia os vigias?”, questiona Plínio Pugliesi, diretor do SINDIJUS e da  CUT/SE.


Assembleia

Contudo, por mais que todos os obstáculos no caminho fossem colocados, a palavra resistência sempre se transforma em ação prática para os trabalhadores unidos. Com um megafone em punho, uma reunião da Assembleia Geral dos servidores foi declarada aberta, em praça pública. Falas de indignação são defendidas, em alto e bom som, na Praça Fausto Cardoso.

“É uma excrescência essa atitude tomada pelo Poder Judiciário em calar a nossa voz. Aqui, senhoras e senhores, está a classe trabalhadora, que reivindica um outro modelo de Judiciário, uma justiça que não criminalize mais os movimentos sociais e o universo sindical, uma justiça que valorize seus trabalhadores em detrimento das grandes mamatas que ainda vemos na estrutura do Tribunal de Justiça de Sergipe, uma justiça eficiente, mas não sobre metas colocadas pelo CNJ e sim que sejam pactuadas pelos verdadeiros anseios do povo que é excluídos dos seus debates. Aqui estamos e, de qualquer maneira, faremos com que os ministros e desembargadores que aqui vão participar desse Encontro Nacional do Judiciário escutem as nossas vozes”, afirma o diretor do SINDIJUS, Ednaldo Martins.

Durante o momento da Assembleia, os trabalhadores do Judiciário, de forma unânime, recusaram o percentual de 5,37%, apresentado pela Presidência do TJSE, na última reunião da mesa de negociação, que condiz somente com a reposição inflacionaria.

“Os servidores presentes nessa praça entenderam que não há argumento lógico que justifique a proposta apresentada pelos gestores do TJ, enquanto altos salários para alguns cargos continuam sendo uma realidade incontestável. A proposta que até aqui foi apresentada pela Presidência do Tribunal é injusta, pois mantém o aprofundamento das distorções entre os salários dos servidores efetivos e dos comissionados, não havendo, portanto, motivo para alterarmos a nossa reivindicação inicial de 16%. E, diante disso, vamos dar continuidade aos diálogos na mesa de negociação e se não conseguimos sensibilizar os gestores do Judiciário, vamos buscar sensibilizar a população para travarmos a luta firme contra os marajás”, defende Gilvan Tavares, diretor de Formação Sindical do SINDIJUS.


Ato Público

Após a Assembleia dos servidores do TJ, as representações sindicais ali presentes, capitaneadas pela CUT, engrossaram as fileiras da manifestação, manifestando o repúdio dos trabalhadores contra as inúmeras decisões que criminalizam as greves, proferidas pelo Judiciário, em todas as partes do país.

Outro fato marcante registrado nesse Ato foi o encontro inédito, em solo sergipano, das duas federações que representam os trabalhadores do Judiciário em âmbito nacional: a FENAJUD (Federação dos Servidores do Judiciário nos Estados) e a FENAJUFE (Federação dos Servidores do Judiciário Federal). Essa foi a primeira vez em que as lideranças das duas federações participaram juntas de uma manifestação pública, em Sergipe.

De igual forma, também foi a primeira vez que as duas entidades sindicais que representam os trabalhadores do Poder Judiciário em Sergipe, SINDIJUS (no TJ/SE) e SINDJUF (na JF/SE, TRT/SE e TRE/SE) foram, em conjunto, com suas bandeiras de luta às ruas.

Já no início da noite, vendo que a repressão da PM não havia conseguido impedir a realização dos debates pelos trabalhadores, na praça, a força repressora estatal lançou mais uma empreitada e, dessa vez, foi a SMTT quem se encarregou de tentar impedir que fosse ligado um carro de som que havia sido improvisado.

A névoa da tensão mais uma vez se propagou pela praça e, diante de tantos obstáculos para tentar calar o movimento, os trabalhadores do TJ e das demais entidades sindicais presentes não viram outra alternativa senão a ocupação da via pública, para chamar a atenção dos motoristas sobre a brutalidade que ali estava sendo cometida contra os direitos constitucionais de manifestação e liberdade de expressão.

De forma simbólica, os trabalhadores deram uma volta pela Praça Fausto Cardoso até a entrada do evento (Encontro Nacional do Judiciário). Com faixas estendidas e bandeiras em punho, os trabalhadores não se calaram pela repressão e, na resistência, ocuparam as ruas, espaço de oxigênio da luta.

“Os trabalhadores não se calam pela truculência, nem pelo autoritarismo do Judiciário, estamos e estaremos sempre ocupando as ruas, mostrando a voz da população que entende a justiça, não como um poder fechado, a serviço de interesses de uma minoria, mas como um órgão, que como todos os outros Poderes deste Estado Democrático de Direito, deve servir e vocalizar os anseios da população” argumenta Roberto Silva, Vice Presidente da CUT Sergipe.

O coordenador geral da Federação Nacional dos Servidores do Judiciário Federal, FENAJUFE, Joaquim Castrillon, sustentou que “esse ato realizado hoje aqui em Sergipe, deve servir de exemplo para, a partir daqui, organizar os sindicatos do Judiciário Federal e dos Judiciários Estaduais para fazermos outros atos como este daqui em diante e apresentarmos nossas reivindicações em momentos importantes como este”.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados, FENAJUD, Valter Assis, os trabalhadores sergipanos estão de parabéns por mais uma manifestação de luta.

“Quero aqui dizer que estou muito feliz em estar participando deste ato, que mostra que quando os trabalhadores estão organizados, nada os enfraquece. Quero parabenizar todos que fizeram parte dessa grande manifestação, onde de um lado está a participação popular, a democracia e do outro lado esta a truculência, o autoritarismo”, finaliza Valter Assis.

Os trabalhadores do TJSE e das demais categorias presentes encerraram o Ato cortando o bolo que representou os 18 anos do processo das URVs, sem solução.

“O objetivo inicial do nosso Ato era registrar os 18 anos das URVs. No entanto o comportamento autoritário do aparato estatal em defesa dos interesses do TJ, hoje, elevou a tensão e tudo serviu para mostrar claramente o conservadorismo que está enraizado no Judiciário brasileiro. Protestos como este já deveriam ter sido feitos desde a época que o TJSE iniciou o calote das URVs, em 1994. Se os trabalhadores agissem assim sempre, certamente, a história seria outra”, explicou o diretor do SINDIJUS Plínio Pugliesi.

Por fim, o dirigente do SINDIJUS concluiu que “apesar de todas as tentativas de obstrução, os integrantes da cúpula do Judiciário Nacional que vieram debater Justiça na visão do empresariado e da grande mídia, como estava programado, chegaram aqui e viram um ponto de vista que havia sido excluído da programação, o debate sobre Justiça na visão dos trabalhadores. E, sem dúvida, além do registro da maior idade do desrespeito ao direito às URVs, este Ato servirá para que, no Judiciário brasileiro, não se esqueçam que, em Sergipe, os trabalhadores estão unidos e na luta para construir um outro Judiciário.

Além do SINDIJUS e DA CUT, também participaram do Ato, representantes das seguintes entidades sindicais e movimentos sociais:

- SINDJUF – Sindicato dos Servidores da Justiça Federal em Sergipe
- SINTUFS – Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Sergipe
- SINDIJOR – Sindicato dos Jornalistas de Sergipe
- SINDITEXTIL – Sindicato dos Trabalhadores da Industria Têxtil
- SINTESE – Sindicato dos Trabalhadores da Rede Pública de Educação de Sergipe
- FENAJUD – Federação Nacional dos Servidores do Poder Judiciário nos Estados
- FENAJUF – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União
- Movimento Não Pago
- Cento Acadêmico do curso de Direito da UNIT
- Fórum em Defesa da Grande Aracaju
- Movimento Nacional dos Direitos Humanos



Na "Quinta" Cultural, companheirada de luta arrocha nos Marajás!

Na noite da última quinta-feira, dia 1º de novembro, o SINDIJUS realizou mais uma edição do Projeto “Sexta Cultural”, evento que é realizado a cada dois meses pelo sindicato e que busca reunir arte, lazer e debate num só lugar. Para a abertura da noite, foi exibido o documentário “Vou Rifar Meu Coração”. O documentário conta a história da música brega e de pessoas co

Após a exibição do longa, a direção do sindicato fez uma breve explanação do andamento da Campanha Salarial 2012 para os servidores que estavam presentes.

A animação da festa ficou por conta dos shows do cantor Nelton Pyter, que cantou os seus maiores sucessos e dos grandes nomes da música romântica brasileira e do companheiro, servidor público e músico, Roberio Muchacho, que em clima de sarau, levantou o público cantando músicas da MPB e socializando o palco com o público presente. “Já que teremos a presença de um cantor de arrocha, eu preparei o meu show com músicas populares brasileiras para mostrar ao público que tudo é música brasileira, tudo é cultura. As pessoas têm esse preconceito ainda, acha que um é brega e o outro é chique. A minha contribuição vem para desmistificar isso”, ressaltou Muchacho, que tem 35 anos de carreira e já viajou o Brasil inteiro cantando e tocando.

Com um dos maiores públicos da história do evento e a presença maciça dos servidores do TJSE, a Quinta Cultural atraiu também novos freqüentadores. “É a primeira vez que venho ao evento e estou gostando muito, pretendo vir mais vezes. Acho importantíssimo que, em meio à luta, a gente tenha esse momento de descontração, de conhecer novos servidores para que possamos ter uma maior interação dentro do órgão”, disse Genivaldo Gouveia, técnico judiciário do Fórum Gumersindo Bessa.

A escolha do tema da festa, “Arrochando nos Marajás”, foi uma forma de contextualizar o evento com a luta política dos servidores dentro do TJSE contra os Marajás, pessoas que recebem altos salários dentro do Tribunal. “Neste mês foi escolhida a música brega, porque era uma temática ainda inédita nesse projeto e aproveitamos para aliá-la à nossa pauta da Campanha Salarial deste ano”, explicou Gilvan Tavares, diretor de Formação Sindical do SINDIJUS e organizador do evento.

Durante toda a noite, os participantes puderam apreciar e se estarrecer com a exibição dos super-contracheques que foram especialmente produzidos para, combinando irreverência com valores reais, representar altos salários que recentemente se destacaram na folha de pagamento do Tribunal de Justiça de Sergipe.