08 março, 2013

Entre mitos e histórias, o 8 de março contra a opressão de gênero e classe

A maioria das histórias que nos contam sobre o dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher - tem como cenário uma greve ocorrida nos Estados Unidos, no século 19, onde fora relatado que  mais de 120 mulheres foram queimadas no chão de uma fábrica têxtil, por conta de lutarem por seus direitos.

Ao passar dos anos, pesquisadores e pesquisadoras perceberam que existia um hiato entre a falta de relatos a respeito desta greve e da morte dessas mulheres, o que os levou, a busca por entender qual foi o contexto político que envolvia a declaração do Dia Internacional da Mulher, seus acontecimentos históricos e sua concepção.

Ao se debruçarem sobre os movimentos políticos e a inserção das mulheres, os historiadores perceberam que a composição do Dia Internacional da Mulher iria muita além de uma luta contra a opressão de gênero e pela garantia de direitos para o publico feminino, mas, sobretudo, pela superação das opressões de classe a qual as questões de gênero estavam incluídas.

Pela contextualização, em agosto de 1910, mulheres reunidas na 2º Conferência das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, decidiram criar o Dia da Mulher. Nesse momento não havia a definição concreta do dia em si, e a escolha do mês de março foi feita de forma aleatória, sem qualquer referência a algum acontecimento histórico, somente uma necessidade vultosa de inserir a mulher na luta por um outro modelo de sociedade.

Contudo, no dia 23 de fevereiro de 1917 pelo calendário russo, que correspondia ao 8 de março no calendário ocidental, mulheres tecelãs da Rússia começaram uma greve que mudou completamente os rumos da política do país, sendo a verdadeira movimentação que emplacou a correlação de forças para o início da Revolução Russa.

Nomes como Alexandra Kollontai, Clara Zetkin e Rosa Luxembrugo, militantes comunistas, participantes ativas da Revolução Russa, pregavam a participação política das mulheres, unindo o debate de gênero às discussões macros da sociedade, ou seja, defendiam que o fim da desigualdade entre os gêneros só ocorreria com o advento do socialismo que emanciparia todos os oprimidos, inclusive as mulheres.


O Mito
Sobre o Mito do Dia Internacional das Mulheres e a morte de 129 operárias, o que se sabe, através dos estudos da historiadora canadense , Renée Côté, é de que situações de greve e incêndios na cidade de Nova York se misturaram e criaram o mito que se reverbera como verdade até hoje.

O primeiro foi uma longa greve real, de costureiras, que durou de 22 de novembro de 1909 a 15 de fevereiro de 1910. O outro fato foi um incêndio ocorrido numa fábrica têxtil, em 25 de março de 1911 que causou a morte por falta de segurança de 146 pessoas, das quais 125 mulheres.