Por Cristiano Cabral - servidor do TJSE e vice-presidente da CUT
Iniciei minhas atividades profissionais no TJ-SE em 30/08/2005. Alguns dias após procurei o SINDISERJ ávido por informações acerca de como se dava a organização e mobilização de nossa categoria.
Ao chegar à sede de nossa entidade representativa, ouvi de um “dirigente” sindical uma cantilena que se repetiria em diversos outros momentos. Disse o “diretor”: “Olha Cristiano, aqui a coisa é difícil. Não dá pra fazer luta. Afinal, o TJ-SE é nosso patrão, administrador e julgador.”
Logo percebi que estava diante de um típico representante da concepção e prática sindical de subserviência e omissão. Era como se Joaquinzão (ícone do peleguismo no final da década de 70) estivesse em minha frente. Ao buscar maiores informações, fui comunicado que esta prática de subserviência já imperava frente ao sindicato há 12 anos. Mesmo indignado com o que constatei, filiei-me ao SINDISERJ e ao comentar com outros colegas, percebi que não se tratava de uma análise isolada.
Alguns meses após, no final do ano de 2005, li no site do TJ-SE uma matéria jornalística que enaltecia a proposta de reajuste salarial para os servidores em 10%, argumentando os limites da LRF.
Por outro lado, fui informado que, no mesmo período, magistrados e desembargadores teriam tido aumento nos subsídios superiores aos concedidos aos servidores. Em contato com a direção do SINDISERJ (cujos membros à época agora compõem a chapa concorrente nesta eleição) para propor a convocação de uma Assembléia Geral e exigir posição pública dos “dirigentes” sobre o fato acima narrado, fique mais uma vez indignado com a omissão e as evasivas, o que tornou evidente o quanto uma prática sindical submissa representa uma ameaça aos direitos dos(as) trabalhadores(as).
Retomei, então, o diálogo com os colegas e, após debates, subscrevemos artigo para divulgação na imprensa local e decidimos COLETIVAMENTE construir um grupo de servidores(as) que pudesse dar voz à indignação frente às condições salariais e de trabalho à luz de uma concepção sindical classista, combativa, democrática e autônoma. Estava surgindo o MSPL - MOVIMENTO SINDICATO É PRA LUTAR.
Quando a regra era calar, gritamos. Quando o normal era curvar-se, nos erguemos. Quando o que imperava era a omissão, nos posicionamos. Assim, fruto de esforço coletivo foi se construindo o MSPL. Não bastou a sofrermos ataques e perseguições, mas resistimos e aqui estamos.
Ao longo desta caminhada, o MSPL esteve presente em todas as atividades sindicais e de reivindicação da categoria, apresentando propostas e fazendo acontecer os encaminhamentos aprovados coletivamente.
Apresentamos chapa às eleições de 2007, mas o Estatuto autoritário, então vigente e imposto pelos membros da diretoria à época e deles hoje inscritos na chapa concorrente, levou à impugnação da chapa do MSPL. Mas continuamos na luta, mesmo não estando na direção do sindicato, freqüentamos e participamos ativamente de todas as instâncias de deliberação da categoria, cumprindo suas deliberações, o que não foi a prática dos membros da diretoria até 2008 (e que muitos deles estão hoje inscritos na chapa concorrente).
Eis que chegado os últimos dias para a inscrição da chapa, recebo uma convocação para exames admissionais em virtude de aprovação em concurso público realizado em 2007.
Por esta razão, fruto de responsabilidade individual e coletiva que marca a atuação do MSPL, decidimos que eu não iria compor a chapa, face a possibilidade de nomeação, fruto do referido concurso público, o que também acabou sendo uma resposta aos que afirmavam que eu teria um objetivo “desesperado” em ser presidente do SINDISERJ.
Todavia, a nomeação para outro cargo público trata-se de uma possibilidade. Portanto, continuo servidor do TJ-SE, que é de onde retiro meu sustento atualmente, o que me obriga, além da identidade de concepção sindical e solidariedade de classe, a pedir seu voto e seu engajamento para chapa SINDICATO É PRA LUTAR, em defesa de um SINDISERJ atuante, democrático e independente.
Não dá para andar para trás e ver o sindicato retornar a ser um anexo do TJ-SE, pois representa um retrocesso para a organização dos trabalhadores e uma ameaça a nossos direitos atuais e futuras conquistas. Não há negociação quando impera a subserviência em um dos lados.
É necessário altivez e firmeza na defesa dos interesses dos trabalhadores, o que não existe na concepção e prática sindical que foi implementada até o início de 2008 em nosso sindicato e que, nesta eleição, está representada na chapa concorrente.
A CHAPA SINDICATO É PRA LUTAR é composta por servidores(as) que possuem identidade de concepção e prática sindical, conhecida por todos nós, pois partilhamos juntos lutas com alegrias e tristezas, acertos e erros.
Não se trata de uma junção de pessoas, feita às pressas, para disputar uma eleição. Possui capacidade e experiência para conduzir os rumos de nossa entidade sindical. Não dá para vacilar, é hora de arregaçar as mangas e enfrentar mais esta luta contra o TJ, pavimentando a consolidação de um sindicalismo atuante, democrático e independente e derrotando a chapa que atende aos interesses palacianos.